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A primeira capela de Nossa Senhora do Rosário e os primeiros cemitérios da cidade

Sendo uma cidade criada sobre a fé Católica, a primeira manifestação, no morro onde se encontra a atual igreja do Rosário, foi a construção de um cruzeiro

03/09/2023 às 11h12 Atualizada em 06/09/2023 às 11h16
Por: Redação Fonte: Miguel Batista - Historiador
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A capela em ruinas. Foto: Arquivo
A capela em ruinas. Foto: Arquivo

As informações contidas aqui são baseadas em manuscritos feitos pelo Farmacêutico José Solero e pelo Padre Pedro Moreira. Além da falta de dados suficientes sobre esta fase, pois nada se encontra registrado ou documentado, devido a não preocupação das pessoas de relatar os fatos julgados meros acontecimentos, para a época, o tempo também se incumbiu de não deixar muitos vestígios e talvez até de apagar os poucos que ainda existiam.

Segundo um relato histórico da cidade, o Arraial de São Januário de Ubá era descrito como “casas beirando o caminho principal de Guarapiranga” (1º livro sobre a história de Ubá). Sendo uma cidade criada sobre a fé Católica, a primeira manifestação, no morro onde se encontra a atual igreja do Rosário, foi a construção de um cruzeiro. Abaixo deste local, aproximadamente onde se encontra o primeira escadaria da praça do Rosário, construiu-se o primeiro cemitério da cidade que media aproximadamente dose metros quadrados, em forma retangular, protegido por grades de ferro e com uma capacidade de três lápides. Com o passar dos anos os habitantes dessas paragens começaram a ver e a sentir os primeiros efeitos do crescimento da população. As casas já não mais seguiam o mesmo alinhamento das primeiras habitações e se dispersavam das imediações do largo da Igreja Matriz de São Januário.

Com o crescimento populacional o cemitério passou a ser inadequado para abrigar os restos mortais, sendo assim, como nas demais cidades onde a igreja administrava esta obrigação, foi erguida uma capela no alto do morro, com o objetivo de servir como cemitério da cidade.  

Acionados pelos insistentes pedidos da igreja local, que era a responsável pelos cemitérios à época, um grupo de fazendeiros, tendo à frente o tenente José Joaquim Teixeira, erguem no período de 1840 a 1844, uma capela no alto da colina do antigo cemitério, destinada não somente às praticas religiosas, mas principalmente com o objetivo de depositar os mortos. 

Construída em estilo puramente colonial e sem torres, a capela tinha como dimensões físicas uma área equivalente às colunas internas da atual Igreja do Rosário. A edificação era coberta de telhas, com paredes de taipa (pau a pique) caiadas de branco e toda a sua estrutura era de madeira de cedro. A fachada principal era composta de uma porta principal e quatro janelas altas, sendo que em uma delas ficava um pequeno sino. A entrada era protegida por um pequeno jardim cercado de grades. A simplicidade de seu exterior constratava com a do seu interior, que tinha uma estrutura formada por balcões laterais em madeira de cedro, um pequeno coro, ostentando ainda um belíssimo lustre de cristal. O chão era formado de pranchões de madeira, justapostas de maneira que pudessem ser retiradas nas necessidades de sepultamento e para encobrirem os adredes. As pranchas eram numeradas e mantinha-se um registro de sua utilização. Por esse motivo não existiam bancos ou qualquer meio de conforto para os fieis, que tinham que se manter de pé durante todas as solenidades realizadas ali. 

A igreja foi inaugurada em 13 de fevereiro de 1844 e passou desde então a servir como cemitério e por alguns anos atendeu às necessidades da comunidade e em diversas atividades religiosas da Igreja de São Januário.

A dedicação da capela a Nossa Senhora do Rosário se deveu ao fato da difusão da pratica do Rosário, advinda de Portugal e trazida pelos primeiros colonizadores da região. 

Porém, o local não foi utilizado por muito tempo como cemitério, pois com as epidemias de cólera e febre amarela, que proliferaram em todo país, por volta de 1850, surgem as primeiras preocupações com o antigo hábito de se enterrar os mortos em torno dos templos católicos. A prática funerária foi extinta no local, devido à constatação de que o método servia de foco de transmissão de doenças e punha em risco a saúde das pessoas, que nas Igrejas se concentrassem durante as cerimônias. Esse contato geralmente acontecia quando as pessoas iam rezar pelos seus entes e ajoelhavam sobre o local. A umidade proveniente da deterioração dos corpos, o mau cheiro e os gazes, faziam com que o local fosse propício ao  contágio de doenças.

Respeitando e acatando aos argumentos apresentados pela Secretaria de Saúde, todas as igrejas do Brasil desativaram estes métodos e transferiu-se então essa obrigação para o município, que construiu um novo cemitério à Rua Santo Antônio. A capela foi desativada e passou a ser esquecida por entre o mato e o relaxamento dos habitantes.

Em 15 de agosto de 1923 foi criada a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário e em 02 de julho de 1924 a pequena capela é demolida, pois não oferecia condições para ser utilizada como a sede da Paróquia. Parte das pessoas que ali foram sepultadas, tiveram seus restos mortais exumados e transferidos para o novo cemitério.

Reprodução Revista IN - Coluna Memória

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