Para muitos de nós que tranzitamos pelas margens do Rio (Ribeirão) Ubá, pouco damos importância ao curso d’água, que corta a cidade de canto a canto. Hoje, sujo e maltratado, pelo crescimento da cidade, já foi importante para a população de Ubá, que usufruia de suas águas como fonte de consumo e divertimento.
O ribeirão, como é denominado, nasce na Miragaia e tem aproximadamente 33 km de extensão, fazendo parte da bacia hidrografica do Rio Paraiba do Sul. Tem sua foz no rio Xopotó, sendo seu afluente da margem direita e serve de divisa dos municipios de Rodeiro e Guidoval. Seu nome, segundo relatos históricos, provém de uma graminia abundante em suas márgens, denominada de Gynerum Satittarum, que tinha como características uma haste longa e flexível, em forma de cano, com folhas estreitas, que era utilizada pelos índios na confecção de cestos, gaiolas e outros objetos similares. Na lingua tupi-guarani, a palavra ubá, também significa canoa de uma só peça, escavada em tronco de árvore.
Um rio manso, caudaloso e de água limpidas, era assim que era descrito o nosso ribeirão, onde as familias e, principalmente as crianças, se divertiam em dias quentes. Em sua obra denominada “A Trajetória”, Dr.Evandro Godinho de Siqueira descreve: “A princípio, o Ribeirão Ubá era caudaloso (um rio), de águas límpidas e piscosas. Nele os adolescentes da época aprenderam a nadar. Procuravam os remanços do Isaac Cabido, do Galdino Alvim, do Solléro, onde o rio se curvava e era mais profundo. Dizem que até mesmo as mocinhas da época ao cair da noite, o frequentavam... coisa assaz duvidosa!”. Para a cidade foi a principal fonte de abastecimento, sendo contruída uma barragem na Miragaia e sua água foi canalizada até a cidade. Toda canalização foi feita em longos canos de ferro, que vieram da Alemanha e foram transportados de trem.
Seu curso original foi desviado por diversas vezes, dando origem a bairros como Dico Teixeira e Jardim Gloria. Apesar de sua forma fragil, o Ribeirão Ubá já foi palco de grandes enchentes, como a da década de 70, causando medo a moradores e comerciantes, em época de chuvas.
Hoje somos herdeiros de lembranças, vividas pelos nossos avós e pais, guardaremos, para as novas gerações, a visão de um ribeirão sujo, malcheiroso, de aguas turvas, escassas. As águas que vinham limpidas para serem consumidas, são hoje colhidas em áreas urbanas e tratadas para o consumo da população.
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