As primeiras ideias sobre o local, onde é a Praça Guido Marlieri, são de um terreno baldio. A intervenção nesse terreno foi no período de 1862 a 1863, quando Cezário Alvim, ao retornar de São Paulo, iniciou ali um negócio de compra e venda de café. O empreendimento era composto de uma casa de morada e um armazém de café, que era beneficiado por meio de máquinas a vapor. Foi construído também um torreão, que funcionava como uma espécie de caixa forte, onde o dinheiro da compra e venda do café ficava guardado dia e noite, sobre os olhares de escravos armados, sendo, com certeza, a primeira ideia de um banco instalado em Ubá.
Em 1879 o local foi utilizado para a instalação dos trilhos da ferrovia Leopoldina Railway Co, possivelmente para beneficiar o empreendimento de Cézario Alvim, que era Deputado Provincial à época. No curso original da ferrovia foi feito um desvio até o pátio do Engenho Santa Tereza, com o objetivo do escoamento do café. Após a instalação da linha férrea o local tornou-se um viradouro de trens em manobras e parte destes trilhos se localizavam do inicio da rua sete de setembro, passando pela frente a estação e terminando na entrada de onde hoje é a Av. Cristiano Roças.
A primeira construção, no local da praça, aconteceu nas décadas de 1870 e 1880, quando o Tenente Coronel Francisco Estevão, que era radicado em Ubá, construiu um hotel, onde hoje é o Grande Hotel. O primeiro hotel da cidade visava abrigar os futuros viajantes que desembarcariam em Ubá, trazidos pelas locomotivas da Leopoldina Railway Co. Com a morte do Coronel Manoel Francisco, em 1884, a família arrendou o hotel para a tia materna de Cândido Martins de Oliveira, Maria de Souza Lima Barbosa, que dirigiu por muitos anos o velho casarão. O velho hotel era chamado do “Hotel das Gordas”, que era administrado por Dona Maria e sua irmã. As construções mais modernas tiveram início na década de 1900 com a construção do Grande Hotel no local onde havia o “Hotel das Gordas”, devido ao empreendedorismo de Ignácio Godinho, que conseguiu inaugurá-lo em 02 de fevereiro de 1914.
O terreno da praça pertencia ao então Major Genuíno Antunes de Siqueira, que era amigo pessoal de Levindo Coelho, que se empenhou em solicitar, ao amigo, a liberação dos terrenos para a urbanização do local. Novas construções começaram a fazer parte do conjunto arquitetônico da Praça, desta vez um outro português radicado em Ubá, Antonio Baptista dos Santos, construiu vários edifícios, dentre eles o Palace Hotel e a casa onde residiu por anos a Sra. Olga de Souza. Também fazia parte do conjunto arquitetônico o Cinema Mineiro, local, onde em 1913 nasceu um dos maiores escritores do país: Antonio Olinto. A partir dessas construções a praça começou a ter o seu formato, dando início, inclusive, à futura rua Sete de Setembro. Em 1923, por iniciativa do então prefeito, Julio Soares de Moura, foi feita a primeira urbanização da Praça, construindo-se ao centro um coreto, em formato de um castelo, rodeado por um pequeno lago, sendo dado o nome de Praça Guido Marlieri, em homenagem ao Diretor Geral dos Indios: Guido Thomaz Marlieri. No coreto, aos sábados e domingos, as bandas 22 de Maio e Sagrado Coração de Jesus, reproduziam suas partituras sob a direção dos maestros Solero e Ozório.
A praça presenciou grandes acontecimentos, como a vinda de Dom Pedro II e sua comitiva, por duas vezes, para a inauguração da ferrovia Leopoldina Railway Co. Passou a ser palco de grandes eventos cívicos como as paradas de 07 de setembro, comícios eleitorais com a presenta de grandes personalidades da política, dentre elas: Arthur Bernardes, Raul Soares, Getúlio Vargas, Minton Campos, Benedito Valadares, Juarez Tavora, Brigadeiro Eduardo Gomes e muitos outros.
(fonte de pesquisa : Crônicas Municipais -1992, A Trajetória – Evandro Godinho-2011)
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