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As coroações de maio

Em Ubá, as celebrações aconteciam nas igrejas de São Januário, São José (que era utilizada como sede da igreja do Rosário, no momento da sua construção) e na igreja do Rosário.

09/05/2021 às 12h42 Atualizada em 10/05/2021 às 18h31
Por: Redação Fonte: Miguel Batista - Historiador - Reprodução Revista IN
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Foto: Arquivo Revista IN
Foto: Arquivo Revista IN

“Mês das flores, luz e alegria, de lindos cantos, mês de Maria”.

Quem não se lembra desse verso, durante as coroações do mês de maio.  O mês de maio, pelas tradições da Igreja Católica, é dedicado a Maria, Mãe de Jesus. Segundo a história, a tradição começou na Europa, por volta do ano de 1280, no século XIII, pois em maio são colhidos os frutos da terra e quando os campos ficam mais floridos. Mas foi com São Felipe Neri, que esse culto ganhou força, pois a homenagem a Maria passou a ser feita com flores. A tradição foi trazida para o Brasil, pelos portugueses e desde então os devotos realizam as coroações da imagem de Nossa Senhora. Durante a celebração, três elementos são ofertados a Nossa Senhora:

  • A palma representa a pureza de Maria;
  • O véu representa a sua virgindade; 
  • E a coroa a sua realeza.
Coroação

Em Ubá, as celebrações aconteciam nas igrejas de São Januário, São José (que era utilizada como sede da igreja do Rosário, no momento da sua construção) e na igreja do Rosário. 

As famílias se reuniam para confeccionar os cartuchos, que eram brindes da criança que iria coroar, para as que iam a sua cerimônia de coroação de Nossa Senhora. Os cartuchos tinham vários formatos como anjos, cestas, bolsas, etc, e neles eram colocados doces, balas e outras guloseimas. Cada um se esmerava em fazer o melhor, mas antes de tudo havia toda uma rotina EM FAMILIA, havia uma expectativa das crianças em participar daquele momento.

O mês de maio era aguardado com ansiedade por todos, pois as famílias sonhavam em colocar suas filhas para coroar Nossa Senhora. No dia da celebração as crianças eram vestidas de anjos e saiam em procissão, da casa da criança que iria coroar Nossa Senhora, até a igreja onde seria realizada a cerimônia. A procissão era realizada com duas filas laterais, onde cada criança era acompanhada de seus pais, ficando ao centro a criança que iria coroar. Durante o trajeto, para as pessoas que tinham condições financeiras, a procissão era iluminada pelos fogos de bengala, pelos estouros de foguetes e pelos chamados vulcões, tudo isso acompanhado de cânticos ou pelos acordes das Bandas 22 de Maio ou Sagrado Coração de Jesus.

A chegada à igreja geralmente culminava como o término da missa do dia e as crianças entravam em filas duplas atrás da criança que iria coroar. No altar a imagem de Nossa Senhora era colocada em local mais alto, onde duas escadas laterais levavam as crianças a ficarem próximas de Nossa Senhora. A criança que iria coroar ficava em destaque, acima de Nossa Senhora, para que pudesse prestar a homenagem, ladeada por crianças escolhidas, geralmente amigas ou parentes, que seguravam a coroa e a palma. As demais crianças ficavam na parte de baixo do altar erguido para Nossa Senhora, segurando pratos com pétalas de flores, que eram jogadas no momento da coroação. Era um momento de demonstração de fé.

Infelizmente, hoje, a cerimônia não é realizada em todas as igrejas, ficando restritas às  que estão em bairros e comunidades rurais. 

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