Guido Thomas Marlière nasceu em Jarnage, Província de Marche, na França, em 3 de dezembro de 1767. Alistou-se no exército francês ao completar 18 anos. Com o advento da Revolução Francesa lutou contra os revolucionários. Derrotado, fugiu para a Alemanha com os militares, integrando a Legião do Visconde de Mirabeau, constituída de imigrantes. Ferido na Batalha de Berstscheim e derrotado por Napoleão, seguiu para a Inglaterra, sendo enviado em 1797 para Portugal.
Em Lisboa é criada a Guarda Real de Polícia e nela ingressa Guido Marilère em 1802 como Porta-Estandarte, iniciando assim sua carreira no Exército Português. Em 1810 acompanhou a família Real em fuga para o Brasil. Em terras tupiniquins foi responsável pela criação de diversos núcleos de povoação e por civilizar índios de várias tribos diferentes, ficou conhecido por seu humanismo, em choque com as ideologias de conquista sangrenta próprias da época colonial. Muito perseguido pela desconfiança de traição aos portugueses, que estavam em guerra contra a França de Napoleão, após vir para o Brasil, Marlière foi preso em Vila Rica (atual Ouro Preto).
Sendo finalmente considerado inocente do crime de espionagem, em 12 de fevereiro de 1812, foi posto em liberdade por ordem do príncipe regente D. João VI. Ainda quando esperava por sua absolvição, havia enviado uma carta ao desembargador-ouvidor em que relatava sua história como político, nobre e militar, falando também de sua infância e de sua mulher Maria Vitória. Na missiva ele solicitava sua designação para um lugar afastado da civilização, onde pudesse trabalhar entre os índios assim que fosse libertado da prisão.
O pedido de Marlière foi atendido e em 1813 chegou à região compreendida hoje pelo município de Rio Pomba. Ali deu início a um grande trabalho de civilização dos índios, sobretudo os botocudos – considerados na época “ferozes e devoradores de carne humana”. Sua primeira missão foi a de fazer um levantamento sobre usurpação de terras, abusos correlatos e ao mesmo tempo promover a restituição das terras ocupadas pelos brancos.
Pelo sucesso da missão Marlière obteve a nomeação para o cargo de Diretor Geral dos Índios em Minas Gerais. Propôs a substituição de administradores inadequados ao trato com o indígena; criação de escola primária; abrigo hospitalar, além de verificar a possibilidade de ocorrência de ouro na região. A educação ligava-se ao princípio da aproximação do indígena com o branco. A defesa do indígena contra a ação deveria ser feita na medida em que o gentio estivesse ocupado em uma atividade qualquer.
Em 1828 fundaria o atual município de Cataguases, época em que se encontrava no local denominado Porto dos Diamantes como inspetor dos serviços da Estrada de Minas. A estrada atenderia a uma nova política de ocupação da região da Zona da Mata. Um ano depois de fundar Cataguases, Marlière foi reformado no posto de coronel, sentindo-se frustrado por não poder terminar a sua obra.
Como diretor-geral dos Índios em Minas Gerais, havia construído um quartel em um lugar chamado Serra da Onça de onde comandava toda região, tendo residido em uma fazenda de nome Guidoval, na região onde hoje está instalado o município homônimo. Foi nesta propriedade em que veio a falecer em 15 de junho de 1836, onde, acredita-se, estão sepultados seus restos mortais no Monumento do Guido.
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